Sopro Clandestino

Uma travessia poética que resiste ao silêncio

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A poesia de Lucas Galati nasce da fricção entre o corpo e o mundo. Em Sopro Clandestino, cada poema se arrisca na fronteira entre sonho e realidade, memória e delírio, lirismo e denúncia.

Um livro que não se contenta com o repouso e busca sempre a fresta, o vento, a palavra que insiste em se erguer.

A obra transita por imagens urbanas, lembranças afetivas, devaneios existenciais e feridas coletivas. Assim, a pessoa leitora é convidada a atravessar atmosferas densas e luminosas, onde o amor se mistura à revolta, e a fragilidade convive com uma força subterrânea que recusa o esquecimento.

Sopro Clandestino é um manifesto lírico contra o esvaziamento da vida. Um chamado à escuta daquilo que permanece à margem, à coragem de nomear o indizível e à reinvenção da linguagem como forma de sobrevivência.

O autor

Lucas Galati é paulistano, da Lapa, nascido em 1988. Jornalista formado pela PUC-SP, especialista em Relações Internacionais e Jornalismo Cultural. Trabalha há 15 anos com jornalismo televisivo, mas nunca abandonou a literatura e a poesia.

Em 2021, criou o projeto @os_andantes, uma página virtual voltada à arte e à cultura, mas que tem como principal intuito a divulgação dos textos e poemas do autor.

Em 2023, publicou VERDE, VERMELHO E CINZA, seu primeiro livro de poesia.

Trecho do livro

PITACO

Promete que se a gente amanhecer na rua,
o semáforo vai escolher o vermelho e
tiraremos as peças de cima
ou as de baixo e
apontaremos as nossas juventudes
carregadas de rebeldia
aos engravatados apressados
para atravessarem
em branco
nenhuma esquina?

Promete preservar
os abraços que esquecemos
pela certeza de que seria só mais um dia
no centro da cidade?
E que, talvez, o exagero das doses
acelerou demais
o que deveria ter sido imortalizado.

Promete que alguém cultiva
um tubo de ensaio
com a receita preparada
do tempo e
que a rouquidão das nossas risadas
ainda alimenta o ritmo frenético
de uma Augusta que resiste e se multiplica
em letreiros iluminados,
tecos de cocaína e
juras de amor eterno em
trepadas casuais?

Promete de novo
as promessas que
repetimos nas mesas de bar,
quando nenhum dia era suficiente para dar conta
das centenas de resoluções
que já encontramos para os problemas
mais complexos do mundo?

Promete que se uma ruga
abocanhar o canto da minha cara,
você não irá me dizer e que
se eu esquecer o seu nome ou
não puder mais atravessar aquela mesma avenida,
você ainda vai me enxergar,
ali,
com um cigarro na boca,
esperando no mesmo semáforo
até eu entrar,
com um sorriso largo,
no banco de trás do carro
e seguirmos
desorientados
até mais um bar,
uma nova boate ou
só até o quarteirão seguinte?

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Previsão de entrega: Dezembro de 2025.